No poema Língua
Portuguesa, Olavo Bilac, poeta parnasiano, faz
uma abordagem sobre a história da língua portuguesa, tema já tratado por Luís
Vaz de Camões ( autor nacional de Portugal, considerado uma das maiores figuras
da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental.) , Este poema inspirou outras produções literárias, como o poema “Língua”, de Gilberto Mendonça Teles e “Língua Portuguesa”,
do cantor Caetano Veloso.
Esta história é contada em
catorze versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos – um soneto
–
seguindo as normas clássicas da pontuação e da rima.
Uma análise semântica do texto
literário, possibilita-nos perceber que o poeta, com a metáfora “Última flor do
Lácio, inculta e bela”, refere-se ao fato de que a língua portuguesa ter sido a
última língua neolatina formada a partir do latim vulgar – falado pelos
soldados da região italiana do Lácio.
No verso dois, há um paradoxo:
“És a um tempo, esplendor e sepultura”. “Esplendor”, porque uma nova língua
estava ascendendo, dando continuidade ao latim. “Sepultura” porque, a partir do
momento em que a língua portuguesa vai sendo usada e se expandindo, o latim vai
caindo em desuso, “morrendo”.
Nos versos três e quatro, “Ouro
nativo, que na ganga impura / A bruta mina entre os cascalhos vela”, o poeta
exalta a língua que ainda não foi lapidada pela fala, em comparação às outras
também formadas a partir do latim.
Olavo Bilac enfatiza a beleza da
língua em suas diversas expressões: oratórias, canções de ninar, emoções,
orações e louvores: “Amo-te assim, desconhecida e obscura,/ Tuba de alto
clangor, lira singela”. Ao fazer uso da expressão “O teu aroma/ de virgens
cegas e oceano largo”, o autor aponta a relação subjetiva entre o idioma novo,
recém-criado, e o “cheiro agradável das virgens selvas”, caracterizando as
florestas brasileiras ainda não exploradas pelo homem europeu. Ele manifesta a
maneira pela qual a língua foi trazida ao Brasil – através do oceano, numa
longa viagem através das caravelas portuguesas – quando encerra o segundo verso
do terceto.
Expressando ainda o seu amor pelo
idioma, agora através de um vocativo, “Amo-te, ó rude e doloroso idioma”, O
poeta alude ao fato de que o idioma ainda precisava ser moldado e, impor essa
língua a outros povos não era um tarefa fácil, pois implicou em destruir a
cultura de outros povos.
No último terceto, quando o autor
diz: “Em que da voz materna ouvi: “meu filho!/ E em que Camões chorou, no
exílio amargo/ O gênio sem ventura e o amor sem brilho”, ele utiliza uma
expressão fora da norma (“meu filho”) e refere-se a Camões, quem consolidou a
língua portuguesa no seu célebre livro “Os
Lusíadas”, uma epopéia que conta os feitos grandiosos dos portugueses
durante as “grandes navegações”, confeccionada quando esteve exilado, aos 17
anos, nas colônias portuguesas da África e da Ásia. Durante esse exílio, nasceu
“Os Lusíadas”, uma das oitavas epopéias mundiais.